David Almeida (Avante), que busca a reeleição para continuar como prefeito de Manaus, já acumula diversas polêmicas envolvendo o enriquecimento de parentes e amigos com dinheiro público, mas antes mesmo do início do seu mandato, em 2020, documentos apontam que ele possui uma ligação com uma das maiores facções criminosas do país, o Comando Vermelho (CV).
A notícia chegou a ser publicada em sites nacionais como o Metrópoles e a Revista Veja.
Conforme o relatório de inteligência elaborado pela Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), David negociou R$ 70 mil com o CV em troca de apoio durante a sua campanha. Isso de acordo com o documento de 63 páginas, que foi feito após uma análise pericial de celulares dos integrantes da facção.
Na época, um desses aparelhos, sendo de Lenon Oliveira do Carmo, vulgo ‘Bileno’, que morreu em julho de 2022 durante uma troca de tiros com a polícia em Manaus, mostrou uma conversa por meio de áudio, entre o gerente do tráfico de drogas de Lenon e o assessor de David e Marcos Rotta – vice na época – fazendo o acordo para a compra de voto.
_“Na ocasião, Bileno relata que, “por enquanto, está ‘fechado’ com o candidato de Marcos Rotta, no caso, David Almeida. Na sequência, o bandido diz que ele “deu até manilhas para fazer a ponte, além de sacos de cimento, e ficou de fazer poços e asfaltar as ruas da comunidade”. Depois, o traficante afirma que “não está gostando muito da proposta e está esperando uma proposta melhor dele para fechar”. Finaliza dizendo que, depois de fechar com ele [Marcos Rottal, “vai ser geral e que todo mundo deverá apoiá-lo”, diz o texto do documento da SSP._
*Retaliação: fogo em Manaus*
O acordo então era: “cavar poços artesianos, dar 500 canos, asfaltar duas principais vias de duas comunidades e 70 mil reais por cerca de 15 mil a 30 mil votos das comunidades Bairro da Fé, de Francisca Mendes 1 e 2, de Puraquequara, de Coração de Mãe, de Bela Vista e de Colônia Antônio Aleixo, Santa Inês 1, Santa Inês 2, Ipixuna e outros lugares”.
Contudo, após a vitória de David, em 2021, Manaus sofreu uma onda de ataques da facção, onde diversos pontos da cidade foram incendiados. Praças, prédios públicos, escolas, agências bancárias, ônibus e até mesmo uma ambulância do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) foram alvo dos bandidos.
Essa situação seria uma retaliação contra Almeida por não cumprir as promessas da aliança feita no tempo de campanha, em troca de votos.
O prefeito chegou a solicitar a convocação do Adestramento Básico de Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), ou seja, a presença do Exército nas ruas para controlar os ataques.
*Processo perdido*
David, com a percussão do dossiê que apontava a sua ligação com o Comando Vermelho, processou a Veja por publicar em sua revista, mas perdeu na Justiça.
A juíza Irlena Leadl Benchimol, titular da 5ª Vara do Juizado Especial Cível, afirmou que o prefeito queria tirar a reportagem do ar, proibir que usasse seu nome pela Editora Abril e ainda uma indenização de R$ 52 mil por danos morais.
“A notícia veiculada pela ré sobre os fatos em epígrafe não tergiversou as garantias constitucionais inerentes à liberdade de expressão e do direito de informar, o que afasta a eventual configuração de ato ilícito necessário ao dever de indenizar postulado pelo autor nos autos, nos termos do art. 927 do Código Civil”, destacou a magistrada no trecho da sentença.
Esse episódio mostra que não é só o escândalo de corrupção envolvendo a família que assombra a campanha de David Almeida contra o candidato Alberto Neto